Eu tenho vivenciado diversas experiências de estar no presente.
Um dos primeiros efeitos é equilíbrio de energia.
Consegui perceber que onde estou agora é o melhor lugar para observar. A partir de mim mesma.
Entretanto, há um passo que acompanha este movimento.
Estar no presente e não observar quem te trouxe para ele não resolve, gera mais ansiedade; é como olhar uma imagem pela metade.
Louco isso, né?
Mas essa epifania é libertadora!
Só observo o presente quando vou ao passado ou ao futuro.
Como assim?
É uma linha tênue, presente, passado e futuro se mesclam em uma dança.
A diferença é o estado de presença, de onde eu saio e onde eu permaneço. É quando percebo e acompanho o movimento de meus pensamentos e das emoções que acompanham os mesmos.
Estar presente é estar atento conseguindo observar que estou revivendo algo do passado, ou quando estou antecipando o futuro, ou quando estou no agora, tão presente nas sensações deste instante.
O divertido é poder escolher no que eu deposito minha energia (atenção). Posso escolher olhar algo do passado ou dar uma espiada no futuro.
Observo aquela parte minha que chega me protegendo, cuidando da minha criança ferida, ou aquela parte que coloca minha criança para brincar.
Posso escolher adentrar as salas protegidas pelos meus protetores e resgatar uma dor que não pode ser vivenciada por não ter recursos para isso. Posso compreender que aquele protetor tomou conta disso para mim, assumiu o controle e se tornou o guardião daquela criança (fragilidade) até que eu pudesse e tivesse recursos para lidar com aquilo.
Posso escolher hoje, no agora, voltar lá e abrir aquela porta, posso escolher deixar o choro abafado sair, o medo ser contado, os sentimentos terem voz…
Posso sentar ao lado da criança e dizer Sinto Muito por essa experiência, por nosso destino. O que posso te oferecer agora é estar junto, junto olhando para isso. Posso dar a liberdade da criança permanecer naquela sala até que ela dê conta de sair. Posso dizer a ela que a amo assim como ela é.
Posso fazer tudo isso e voltar. Voltar para o presente.
Posso também ir até o futuro, sentir, experimentar como é algo que quero ter ou vivenciar. Quando vou até lá percebo o que agora no presente pode me prender. Abro a porta do futuro, vejo que ela existe, gostei do que vi, volto e observo qual portas precisam ser abertas para chegar a esta experiência.
Esse movimento é mágico quando feito de forma consciente. Tomando como ponto de partida o presente.
A mente, os pensamentos são aliados, não vilões.
A dificuldade é quando estou anestesiada, quando não sei onde vivo, se no passado ou no futuro, quando faço esse percurso sem saber quem está observando, quando me perco de mim mesma.
No agora, a partir de mim, respiro, olho para o passado, reintegro experiências, aprendizados. Dou uma espiadinha no futuro, me conecto com as infinitas possibilidades e volto para o presente para materializar isso.
Por Valdirene Lopes